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HISTÓRIA
Estudar em casa: Quais são os desafios para estudantes de escolas públicas das favelas e periferias?

A vontade de estudar, o receio de esquecer conteúdos da escola, o reconhecimento da desigualdade entre quem pôde continuar estudando e quem não, a necessidade de enfrentar ainda mais desafios neste momento, a falta de acesso às tecnologias e o receio de não conseguir se preparar para o vestibular. Tudo isso faz parte do que pensa e vive boa parte de adolescentes e jovens que vivem em favelas e periferias que responderam à enquete sobre estudar em casa na quarentena, realizada em parceria com a Agência Jovem de Notícias. 


Ao todo, 735 adolescentes e jovens de favelas e periferias responderam à enquete. As respostas vieram de todas as regiões do país e os estados mais ativos na enquete foram São Paulo, Maranhão e Bahia


Entre as pessoas que responderam, 54% estão matriculadas em uma escola, sendo 81,41% em escolas públicas. E é sobre elas que falaremos por aqui.


Condições para estudar


Em relação à estrutura para acessar a educação remota, quando questionados/as se têm um espaço adequado para estudar em casa - onde possam ficar a sós ou, ao menos, longe de barulhos que os/as desconcentrem, 62,69% dos/as adolescentes e jovens responderam que não. Ao responderem se possuem um computador (desktop, notebook, tablet etc.) para estudar, 57% afirma não ter, apesar de 81% ter wi-fi em casa.


Ao responderem se sentem que possuem mais condições de estudar neste momento, 62,10% afirma que não. Entre as pessoas que afirmam que sim, a maioria (34,82%) aponta que é porque consegue se concentrar melhor estudando em casa, tem mais tempo pra ler e gosta de estudar pela internet. Entre quem diz que sente que têm menos condições de estudar, a maioria (31,43%) afirma que não está conseguindo se concentrar, não está se sentindo bem emocionalmente para conseguir estudar, tem que cuidar da casa e/ou família e que é difícil acompanhar os conteúdos em aulas online.


Os maiores desafios para adolescentes e jovens de periferias estudarem em casa


“Acesso a conexão de internet e acredito que o psicológico de ninguém está totalmente bem neste momento, todos estão aflitos com tudo que vem acontecendo. Aqui em minha cidade está uma situação bem crítica. Vejo adolescentes do meu bairro que nem tem um celular ou tablet, que não tem condições de comprar. E, infelizmente, as aulas não param,

os conteúdos avançam. E eles, infelizmente, ficaram para trás. Como sempre.”

  • - Menina, 15 anos, negra, de Ceará.


A enquete finalizou com uma pergunta aberta aos respondentes sobre qual seria, para eles/as, o maior desafio para crianças, adolescentes e jovens das periferias e favelas estudarem em casa. Entre as respostas, se destacam: (i) questões de infraestrutura, como a falta de ambiente próprio para estudo, carência de aparelhos eletrônicos e acesso à internet, além das escolas que não estão disponibilizando meios de ensino a distância; (ii) questões emocionais, como a preocupação com a própria saúde e a de familiares, ansiedade diante deste momento e implicações na saúde mental; e (iii) questões relacionadas à qualidade do ensino, do afastamento da escola e falta de orientação de professores às dificuldades de se adaptar a estudar online.


Confira outras respostas sobre os desafios:


 “Eu tenho recursos básicos para o ensino em casa, mas meus vizinhos não, alguns amigos de escola e parentes também não. E isso acontece muito nas periferias e favelas. 

A desigualdade social é o nosso maior problema.”

  • - Menina, 14 anos, branca, de Maranhão.


“Muitos tem que trabalhar para arrumar um alimento, porque antes comiam na escola e agora não tem mais esse alimento.”

  • - Menina, 14 anos, branca, Ceará


“Ter que escolher entre estudar ou trabalhar. Estudar fica difícil porque não tem estrutura e, ao trabalhar, pelo menos tem uma renda pra ajudar a família nesse momento tão difícil”

  • - Menina, 15 anos, raça não-declarada, Mato Grosso.


“Se concentrar nos estudos e ‘esquecer’ o caos: falta de dinheiro, conhecidos doentes, ministros que não tem a juventude periférica como pauta, desespero pela incerteza de até quando isso irá durar…”

  • - Menina, 17 anos, branca, de São Paulo.


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